domingo, 3 de setembro de 2017

A dona do cão



O ser sem raça definida não parava de rosnar para mim. Um merdinha daquele e eu não podia nem dar um chute na casa da boazuda que estava tentando impressionar. Ainda acho sorte na minha situação física de paralisia, ser agraciado com uma mulher tão bonita interessada em mim.


O que mata é esse cão sarnento.


Odeio essa praga quadrúpede.


Começou a me cheirar. Era o que faltava.

Vivem com esses olhos arregalados, implorando misericórdia e amor.

Patéticos.


- Você gosta de animais? – Pergunta a mulher do outro cômodo.


- Adoro animais – respondo cinicamente.


Eu penso em dar um chega pra lá no vira-lata, mas meu pé não responde ao comando.

Que droga de vida!


Ainda lembro da noite do acidente que me deixou nesse estado débil. Tudo por culpa de um cachorro miserável.

Ainda dizem que a culpa foi minha, que eu estava acima de 100km/h em uma zona urbana.

Quer saber?! À merda com esses moralistas! Cadê as carrocinhas para tirar esses animais da rua?


Eu bati a cabeça na guia da rua, mas pelo menos o cão voou longe. Foi o que disseram!


- Então meu benzinho? Está pronta?

- Você não vai acreditar, o totó fez xixi em cima da cama, e agora? – Responde ela com voz de desapontamento.


Eu odeio essa praga quadrúpede.


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